O Asno de Buridan

O Asno de Buridan

Quando minha avó me pegava pensativo, quieto, era comum ela brincar comigo dizendo: “Pensando, morreu um burro!” Esse é um ditado conhecido e, confesso, demorei a entender o real significado. O problema não é pensar, é claro, pois esse é um recurso magnífico que temos; o problema é não agir quando devemos agir.

O Asno de Buridan

A origem desse ditado vem do século XIV, quando o filósofo francês Jean Buridan formulou o seguinte paradoxo: um asno, estando faminto, encontra dois generosos maços de feno. Esses maços, porém, estão equidistantes dele, e isso faz com que o asno não encontre razões para ir a um, ou ao outro; acabando por morrer de fome. Esse paradoxo ilustra, na verdade, o risco de se estender demasiadamente na análise de uma escolha, deixando de se tomar ações que seriam necessárias. Por isso o ditado popular: pensando, morreu um burro…

Aristóteles

Aproximadamente 18 séculos antes de Buridan, Aristóteles já havia formulado esse paradoxo no seu tratado On the Heaven (Sobre o Céu), quando ele diz: … homens que tem igualmente muita fome e sede, estando equidistantes de comida e bebida, estarão, portanto, obrigados a permanecer onde estão … (em tradução livre). Apenas como curiosidade, Aristóteles, nesse tratado, não falava sobre o comportamento humano, mas, sim, sobre astronomia; especificamente no capítulo onde ele formula o paradoxo, falava sobre a forma e movimentação do planeta Terra e buscava ilustrar seu pensamento.

Semelhança com o Paradoxo de Fredkin

Em 1986, o matemático americano, Marvin Minsky, em seu livro Society of Mind, fala do Paradoxo de Fredkin, que ele atribui ao cientista da computação Edward Fredkin, e que diz o seguinte: Quanto mais atraentes duas alternativas parecerem, mais difícil será escolher entre elas – não importa que, num mesmo grau, a escolha só possa importar menos. Há uma evidente relação entre Fredkin e Buridan, pois ambos falam da dificuldade na escolha entre duas alternativas parecidas.

A questão, obviamente, que envolve esses pensamentos, seja Aristóteles no século IV a.c., seja Buridan no século XIV, ou Fredkin no século XX, é pensar e agir; não é agir sem pensar! Quem já não se pegou pensando demais sobre determinada escolha, sem levar a cabo qualquer ação efetiva? Eu já! Afinal, a intenção precisa de ação para se realizar. Por isso, pense duas vezes, e aja quando tiver que agir!

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